Há uma canção da década de setenta (século passado) cuja letra nos faz lembrar do caminho estreito e da paisagem que este caminho apresenta. Talvez você não lembre dela, já não se canta mais em nossas Igrejas , ou talvez você não a conheça por ser jovem e nunca tê-la ouvido. Bom o certo é que esta canção traz em sua linda poesia e maravilhosa melodia uma verdade importante do Evangelho de Jesus Cristo.
Qual seria esta verdade ? Todos sabemos que Jesus é o caminho a verdade e a vida, sabemos também que Jesus afirmou que o caminho para a salvação é estreito, apertado. A canção diz exatamente isto : “caminho estreito eu vi a cruz.” Ser cristão é antes de tudo aceitar a Jesus como Salvador e Senhor e ter disponibilidade para obedecer ao Senhor Jesus. Esta experiência, chamada de conversão, nos coloca diante de um porta estreita que aberta conduz a salvação por um estreito e apertado caminho, ou seja a vida cristã não é um caminhar sem aflições, sem problemas, não é aquele “mar de rosas” que gostaríamos; ser cristão é muito difícil; todavia é esplendoroso! Não há nada igual sobre a face da terra que possamos comparar para explicar a profundidade da experiência que vivemos diariamente com Jesus neste caminho estreito. Neste caminhar temos a constante companhia de Jesus mesmo nos momentos mais críticos e difíceis, sua companhia nos dá vigor para continuar a caminhada e nos oferece vitórias. É bem verdade que neste caminhar existem muitos tropeços, nossos e de nossos irmãos e irmãs. E o que fazemos quando tropeçamos ? E o que fazemos quando o nosso semelhante tropeça ?Há inúmeras respostas a serem dadas a estas perguntas, mas detenho-me em duas (uma para cada pergunta). Para primeira pergunta podemos dizer que temos a tendência de “jogar a culpa” em alguém, nos colocamos como vítimas de uma situação, nos sentimos incompreendidos, menosprezados por vezes e empurramos para alguém a responsabilidade por nosso erro. Mas para a segunda pergunta o quadro se altera, veja: culpado ! Este é o veredito final na maioria das vezes. Nos tornamos pessoas incompreensíveis, julgamos rapidamente o outro ser humano como se ele fosse a razão de todos os males existentes, queremos justiça! Assim é o caminhar estreito e apertado na comunidade de fé. Quantas pessoas tem errado ? quantas vezes você errou ? Não sei se há alguma importância em termos estatísticas sobre o número de erros de cada um de nós. O que de fato interessa é como tratamos esses erros, nossos e dos demais. Uma comunidade de fé é o conjunto de pessoas que aceitaram o desafio de viver com Jesus Cristo no caminho apertado, estreito.
A verdadeira comunidade cristã é aquela que reconhece que seus membros são homens e mulheres imperfeitos , no caminho da salvação, e que ainda , por vezes, tropeçam, caem. Uma verdadeira comunidade cristã é aquela em que os que permanecem em pé estendem as mãos para os que tropeçam, porque os caídos precisam de um gesto de amor, de carinho, de compreensão, uma mão estendida para ajudá-los a se levantar com o fim de reiniciar a caminhada. Em momento posterior poderá ocorrer que aqueles que ofereceram as mãos para levantar o caído tropecem e necessitem de mãos que os ergam. Nestes momentos verificamos a força da comunhão que brotam das mãos estendidas, nestes casos reconhecemo-nos iguais perante o senhor em direitos , em deveres e na situação de pecadores. Sendo assim o passado, as quedas passadas, deixam de ser significativas e não geram raiz de amargura que pode durar anos e se tornar um peso tremendo na bagagem que carregamos no caminho da salvação. Perdoar o semelhante e ajudá-lo a reerguer-se, nos alivia as tensões, nos fortalece na comunhão, nos transforma interiormente e exteriormente conduzindo-nos à santidade e à sabedoria. O caminho estreito, diz a canção, tem por paisagem a cruz, este é o objetivo de cada cristão: ver a cruz, compreender que nela e através dela Jesus pagou caro o preço de nossos pecados e nos perdoou os pecados e nos deu nova vida, plena, abundante e eterna. Portanto cabe a nós deixarmos toda raiz de amargura, perdoarmo-nos uns aos outros e vivermos vida nova, isto gerará no seio da Igreja, Paz, Comunhão, Amor e a Missão acontecerá por inteiro. Parafraseando o profeta que diz : “quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz a Igreja”. Afirmo, então : “quem tem olhos, leia – atentamente - o que o Espírito escreve à Igreja.”
Forte abraço e mãos estendidas, do amigo e Pastor Marcos