quinta-feira, março 29, 2012

Mantos e Palmas

Entrada triunfal - Mateus 21 : 8

A cristandade se reúne neste domingo trazendo a memória a entrada de Jesus em Jerusalém. Algumas Bíblias trazem o seguinte título para o texto que descreve este fato ocorrido na vida de Jesus : “Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém”. Todavia pergunto : Será que foi triunfal ? Bem, gostaria de refletir com o você - caro leitor e cara leitora - a partir de dois ângulos diferentes o que seja triunfal. Na antiguidade o triunfo em uma guerra, por exemplo, era anunciado por um desfile dos exércitos que traziam consigo o resultado das pilhagens e os escravos conseguidos. Este ato era realizado diante do rei vencedor que se orgulhava da vitória e dos resultados obtidos com a guerra. Outra ótica possível é verificarmos o triunfo em nosso cotidiano cultural. Temos visto que aos vencedores de competições, por exemplo, lhes é dado uma evidência muito grande e premiações que recompensam a pessoa pelo ato praticado. Geralmente isto é feito sob os holofotes, com muito brilho, música, tapete vermelho, e outros apetrechos de acordo com a modalidade que se está premiando. Quando leio os textos dos evangelhos sobre a entrada de Jesus em Jerusalém para viver a Páscoa, não consigo verificar o triunfo anunciado pelos títulos enxertados na Bíblia (lembro que estes títulos não fazem parte dos manuscritos originais do novo testamento). O triunfo de Jesus se daria apenas na madrugada do primeiro dia da semana, quando de sua ressurreição, esta é a leitura de nossa fé cristã. O que vemos nos textos é a multidão esperando pelo triunfo político, pois imaginava-se, esperava-se, que naquele momento Jesus entraria em Jerusalém e destituiria a Herodes de seu trono e declararia a independência de Israel em relação a Roma. Isto não se deu, pelo contrário, Jesus é preso e morto. Os reis que colecionavam triunfos viam seus generais entrarem na cidade, desfilando lindos cavalos e não jumentinhos. Foi em um jumentinho que Jesus entrou em Jerusalém, não havia se quer uma cela para acomodar Jesus, não havia o glamour dos tapetes vermelhos, nem dos cinturões dourados, nem dos troféus reluzentes, nem das medalhas colocadas no pescoço e depois entre dentes para as fotos e filmagens. Havia, sim, uma parcela da população que gritava, fazia alarde, colocando seus mantos, suas vestes e ramos de plantas pelo chão construindo um improvisado tapete pelo qual Jesus passou, foram os pobres de Jerusalém que mobilizaram-se aclamando a entrada de Jesus na cidade. Movidos pelo sofrimento cotidiano e pela esperança que falhou. Falhou porque não compreenderam a mensagem redentora de Jesus que atribui ao Reino de Deus mais do que um reino geográfico uma dimensão supratemporal, supraterrena, que agrega o estrangeiro, a viúva, o órfão, o sacerdote, o escriba e etc. Quando aceitamos a salvação e senhorio de Jesus Cristo que recebemos nova vida, abundante e eterna, que “jorra dos braços da cruz”. Talvez a entrada não tenha sido triunfal do ponto de vista do que fazemos hoje, nem mesmo do que faziam os reis no passado, mas triunfal para nós os cristãos porque o caminho percorrido até Jerusalém e dentro de Jerusalém foi o trajeto sacrificial que culminou com morte de cruz, e vitória sobre a morte com a ressurreição. Este triunfo abalou o mundo dos mortos, condenou definitivamente a satanás, promoveu vida. O triunfo não foi a vitória do forte sobre os mais fracos, do autoritarismo de lideres arrogantes, dos acordos políticos escusos, da arrogância intelectual, das lutas bélicas que não respeitam a vida, JESUS TRIUNFOU AMANDO, com amor incondicional, a todos indistintamente e continua AMANDO hoje, a você e a mim. Então meus irmãos e irmãs, hoje é dia de celebrarmos com muita, mas muita alegria, o fato de que Jesus um dia entrou em Jerusalém para celebrar a Páscoa e assim nos dar a nova perspectiva de vida. Isto sim justifica a ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM. Se a entrada é triunfal pergunto : que tapete construiremos hoje para Jesus passar ? Abraços, Pastor Marcos

sábado, março 24, 2012

Convocação para Concílio Local


Na qualidade de pastor titular da Igreja Metodista Central em São Bernardo do Campo, convoco o Concílio Local para reunir-se no dia 01/04/2012 (domingo) após o culto vespertino.
Agenda do Concílio Local :
1. Eleições de cargos individuais.
2. Homologação dos coordenadores eleitos para os ministérios da Igreja.
3. Apresentação dos presidentes de grupos societários da Igreja.
4. Outros assuntos.

Pastor Marcos

sexta-feira, março 23, 2012

"Quaresmando'


Inicio esta reflexão afirmando que de fato o verbo “quaresmar” não existe. Todavia o uso de licença poética me permite cunhar a expressão para discutir com você, caro leitor e cara leitora, a importância deste período que vivemos do calendário cristão : a QUARESMA.
A vida de todos os humanos tem sofrido uma série de transformações rápidas, especialmente, em virtude do desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação (conhecidas pela sigla NTIC). Naturalmente que as grandes mudanças tecnológicas não residem apenas nos meios de informação e comunicação, estão ocorrendo com a mesma velocidade em quase todas as áreas do conhecimento humano, com certo assento nas áreas de exatas (as engenharias, física, química, etc.) e nas biomédicas (farmácia, medicina, veterinária, etc.).
Assusta-nos a todos esta velocidade; bem, não a todos, apenas as gerações – digamos – mais maduras. Para as crianças e adolescentes as mudanças fazem parte de sua vida cotidiana como fazia parte de minha adolescência jogar pião, bolinhas de gude ou fubeca, jogar bafo, e outras tantas brincadeiras. O novo estilo de vida imposto pelas NTIC vão moldando os novos rumos da sociedade e da cultura e nos colocam a reflexão como perda de tempo.
Isto implica no surgimento de um novo cristianismo que influenciado pelas novas maneiras de ser na sociedade empurram os cristãos a serem mais superficiais, desconheceram as doutrinas bíblicas fundamentais e a forjarmos o surgimento de igrejas “fast-food”, ou seja, o lugar aonde eu chego e tudo esta pronto para o meu consumo; isto mesmo : CONSUMO. O silêncio, a meditação, a reflexão e o serviço a Deus e ao próximo estão correndo grandes riscos pelo surgir de uma nova maneira de ser igreja. Talvez você pense : o pastor é retrógrado, está ultrapassado. Bem, isso é possível, afinal eu nasci na metade do século XX e tenho grandes dificuldades com a aceleração das mudanças tecnológicas e sociais. Porém, por ser de uma geração que sofreu os primeiros impactos dessas transformações, e que luta para se atualizar, carrego comigo a capacidade de refletir diante desta nova sociedade e verifico as fragilidades de nossas igrejas, dos grupos de novos convertidos, como são levados pelos ventos de doutrina, como a estética do culto e o prazer pessoal são mais importantes do que o conteúdo do culto, a memória coletiva, o construir o conhecimento doutrinário, o conhecer e vivenciar as maravilhosas heranças que possuímos.
Dito isto, eu quero “quaresmar” ou auxiliar você minha irmã, meu irmão, a buscar a razão do vivermos a quaresma, que no passado era um tempo paradoxal de reflexão, de certa tristeza, de expectativa e alegria. Isto acontecia porque a quaresma nos leva a procurar os textos da bíblia que nos conduzam aos dias finais do ministério terreno de Jesus e neles nos encontrarmos com a Cruz de Cristo e também com a sua ressurreição.  A Cruz... lugar de sofrimento no qual eu me encontro e me vejo como em espelho; imagem horripilante criada pelos meus pecados que geram a morte, a morte de Jesus, pois para a Cruz ele carregou, com angústia, sofrimento, tristeza e muita dor os meus pecados.
Ao ler e refletir sobre os textos da crucificação vejo uma imagem que hoje seria uma foto digital ou vídeo, uma imagem desfocada do ser humano, corrompido pelo pecado. Na sequência de imagens da Cruz me vejo e me encontro, imperfeito, desajustado, corrompido, afastado da vida, no corredor da morte.
Na imagem de Jesus na cruz acontece o improvável, a libertação ! O olhar de Jesus Cristo dirigido a nós lá do alto do madeiro maldito é perdoador, é amor puro, incontestável, constrangedor, seus gemidos tornam-se apelos de aceitação de seu gesto a nosso favor, suas dores são nossas, seu sangue é dado gratuitamente para redimir o pecador que sou eu. Um cristianismo verdadeiro, que não cobra, se oferece, se doa, que está morrendo para salvar. Não é “fast-food”, exige contrapor o pecado, refletir a dor da morte, aceitar que há preço e alto na salvação. Não haviam anjos, nem levitas, não haviam corais e louvores, não haviam amigos (a não ser um apóstolo e algumas mulheres aos pés da cruz), não havia glamour, nem palmas, nem danças, nem o soar de trombetas. Dor, angústia, amargura, gemidos, deboches, tristeza, neste sentir de Jesus estava e está a salvação.
“Quaresmando” mais um pouco, lembro que vivemos este tempo em que cada cristão deveria estar preparando-se para viver com intensidade e testemunho a razão da salvação, vivendo com intensidade e testemunho a esperança da vida eterna. Todavia já nos preparamos financeiramente para gastar nossos míseros trocados com o deus comércio, já estamos planejando nossos gastos com a páscoa, afinal tudo se transforma e a Páscoa não é mais de Jesus e nós não podemos ficar de fora desta torrente infame que transforma conceitos e arranca de nós não só dinheiro , mas as convicções doutrinárias e nos joga no limbo do cristianismo supérfluo, vazio de significado, incapaz de luta pela verdade, corrompido pelos prazeres individuais, aliás os mesmos aos quais Eva sucumbiu e Adão acolheu como verdadeiros. Não se assuste mas a serpente continua a dizer-nos o que fazer e anulamos com nossas ações irreflexivas, com a ausência do “quaresmar” o poder que vem da Cruz de Cristo. A torrente é veloz, a voz da serpente ainda é mansa, suave e sagaz, aponta para os nossos maiores desejos e prazeres como sendo os únicos importantes, por isso sucumbimos, nos dobramos e adoramos ao deus do nosso ventre, ao deus comércio, ao deus que não pode salvar.
Minha irmã, meu irmão, ainda é tempo, “quaresme”, olhe para a cruz, enxergue-se no maldito madeiro, viva a Páscoa de Jesus, viva a Páscoa com Jesus. Ele sim ama, e por isso pagou um alto preço por nós. Não pare, continue “quaresmando” !!!

Abraços, Pastor Marcos


sábado, março 17, 2012

Caminho Estreito

Há uma canção da década de setenta (século passado) cuja letra nos faz lembrar do caminho estreito e da paisagem que este caminho apresenta. Talvez você não lembre dela, já não se canta mais em nossas Igrejas , ou talvez você não a conheça por ser jovem e nunca tê-la ouvido. Bom o certo é que esta canção traz em sua linda poesia e maravilhosa melodia uma verdade importante do Evangelho de Jesus Cristo.
Qual seria esta verdade ? Todos sabemos que Jesus é o caminho a verdade e a vida, sabemos também que Jesus afirmou que o caminho para a salvação é estreito, apertado. A canção diz exatamente isto : “caminho estreito eu vi a cruz.” Ser cristão é antes de tudo aceitar a Jesus como Salvador e Senhor e ter disponibilidade para obedecer ao Senhor Jesus. Esta experiência, chamada de conversão, nos coloca diante de um porta estreita que aberta conduz a salvação por um estreito e apertado caminho, ou seja a vida cristã não é um caminhar sem aflições, sem problemas, não é aquele “mar de rosas” que gostaríamos; ser cristão é muito difícil; todavia é esplendoroso! Não há nada igual sobre a face da terra que possamos comparar para explicar a profundidade da experiência que vivemos diariamente com Jesus neste caminho estreito. Neste caminhar temos a constante companhia de Jesus mesmo nos momentos mais críticos e difíceis, sua companhia nos dá vigor para continuar a caminhada e nos oferece vitórias. É bem verdade que neste caminhar existem muitos tropeços, nossos e de nossos irmãos e irmãs. E o que fazemos quando tropeçamos ? E o que fazemos quando o nosso semelhante tropeça ?
Há inúmeras respostas a serem dadas a estas perguntas, mas detenho-me em duas (uma para cada pergunta). Para primeira pergunta podemos dizer que temos a tendência de “jogar a culpa” em alguém, nos colocamos como vítimas de uma situação, nos sentimos incompreendidos, menosprezados por vezes e empurramos para alguém a responsabilidade por nosso erro. Mas para a segunda pergunta o quadro se altera, veja: culpado ! Este é o veredito final na maioria das vezes. Nos tornamos pessoas incompreensíveis, julgamos rapidamente o outro ser humano como se ele fosse a razão de todos os males existentes, queremos justiça! Assim é o caminhar estreito e apertado na comunidade de fé. Quantas pessoas tem errado ? quantas vezes você errou ? Não sei se há alguma importância em termos estatísticas sobre o número de erros de cada um de nós. O que de fato interessa é como tratamos esses erros, nossos e dos demais. Uma comunidade de fé é o conjunto de pessoas que aceitaram o desafio de viver com Jesus Cristo no caminho apertado, estreito.
A verdadeira comunidade cristã é aquela que reconhece que seus membros são homens e mulheres imperfeitos , no caminho da salvação, e que ainda , por vezes, tropeçam, caem. Uma verdadeira comunidade cristã é aquela em que os que permanecem em pé estendem as mãos para os que tropeçam, porque os caídos precisam de um gesto de amor, de carinho, de compreensão, uma mão estendida para ajudá-los a se levantar com o fim de reiniciar a caminhada. Em momento posterior poderá ocorrer que aqueles que ofereceram as mãos para levantar o caído tropecem e necessitem de mãos que os ergam. Nestes momentos verificamos a força da comunhão que brotam das mãos estendidas, nestes casos reconhecemo-nos iguais perante o senhor em direitos , em deveres e na situação de pecadores. Sendo assim o passado, as quedas passadas, deixam de ser significativas e não geram raiz de amargura que pode durar anos e se tornar um peso tremendo na bagagem que carregamos no caminho da salvação. Perdoar o semelhante e ajudá-lo a reerguer-se, nos alivia as tensões, nos fortalece na comunhão, nos transforma interiormente e exteriormente conduzindo-nos à santidade e à sabedoria. O caminho estreito, diz a canção, tem por paisagem a cruz, este é o objetivo de cada cristão: ver a cruz, compreender que nela e através dela Jesus pagou caro o preço de nossos pecados e nos perdoou os pecados e nos deu nova vida, plena, abundante e eterna. Portanto cabe a nós deixarmos toda raiz de amargura, perdoarmo-nos uns aos outros e vivermos vida nova, isto gerará no seio da Igreja, Paz, Comunhão, Amor e a Missão acontecerá por inteiro. Parafraseando o profeta que diz : “quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz a Igreja”. Afirmo, então : “quem tem olhos, leia – atentamente - o que o Espírito escreve à Igreja.”

Forte abraço e mãos estendidas, do amigo e Pastor Marcos